quinta-feira, 29 de julho de 2010

lançamento Sesc Iracema


um jardim no Sesc Iracema

Lançamento do Romance de Deribaldo Santos
um jardim chamado Noia

apresentação : Poeta Katiusha de Moraes

literatura - música - cinema - artes plásticas - fotografias

Nesta 5a. quinta-feira, 5 de agosto de 2010,
no Sesc Iracema, Rua Boris, 90 C – Praia de Iracema (ao lado do Centro Dragão do Mar)
Fortaleza - Ceará - Brasil

quinta-feira, 22 de julho de 2010

se é jardim, onde está a rosa?


(...) Nós, do Noia, ficamos alguns anos desobrigados de pagar uma gota sequer desse líquido precioso.

... Naquele dia, tomei banho de madrugada, molhei-me bastante, sonhando com um chuveiro, promessa de meu avô para quando a tão esperada água chegasse.



Lembro até hoje, e jamais esquecerei, o dia que tomei o primeiro banho de chuveiro lá em casa.

música para escutar ao ler o jardim

Taj Mahal - Jorge Ben


(sempre jorge ben)


Foi a mais linda
História de amor
Que me contaram
E agora eu vou contar

Do amor do príncipe
Shah-Jehan pela princesa
Mumtaz Mahal
Do amor do príncipe
Shah-Jehan pela princesa
Mumtaz Mahal...

Tê Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...

Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...

Uhou! Uhou!
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...(2x)

Foi a mais linda
História de amor
Que me contaram
E agora eu vou contar
Do amor do príncipe
Shah-Jehan pela princesa
Mumtaz Mahal
Do amor do príncipe
Shah-Jehan pela princesa
Mumtaz Mahal...

Tê Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...

Uhou! Uhou!
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...(2x)

Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...

Uhou! Uhou!
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...(3x)

Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...

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noia na Europa





Jardim chamado Noia pelas ruas da Espanhas

Jardim e tantos Jardins







Jardins, na Espanha.









Minha primeira vez em Paris


A primeira vez que tive uma oportunidade de ir à Paris, optei por não conhecê-la. Nessa ocasião, restar-me-ia apenas um dia. Passei quase cinco anos achando que tinha feito a coisa errada, o sentimento de arrependimento era uma constante, fiquei me considerando um otário, pois como pode se perder uma chance de visitar a capital das luzas e não ir? Somente eu com minhas decisões exageradas misturadas com minhas escolhas equivocadas.



Hoje, depois de ter passado cinco dias na terra da torre de ferro mais famosa e do planeta, talvez possa avaliar se aquela decisão foi ou não acertada.

Sempre ouvi inúmeras narrativas sobre Paris, umas pitorescas, outras tediosas e extravagantes e algumas muito interessantes e intrigantes. De todas essas histórias três me chamam bastante a atenção. Primeiramente, declaro meu gozo estético pelas palavras do escritor Gabriel García Marquez sobre essa bela cidade; em seguida destaco as reflexões de uma grandiosa estudiosa do marxismo referente à capital francesa e, por fim, as palavras bastantes intrigantes de um amigo e empresário bem sucedido fortalezense quando retornou de sua primeira visita de Paris.




O velho romancista colombiano escreveu, com sua vasta e farta poesia, que não há outro lugar para se exilar. A estudiosa disse-me certa vez que se não fossem tantos os motivos para ser contra o capitalismo, bastar-lhe-ia o fato de todas as pessoas do mundo não terem o direito de conhecer Paris. Para ela, ao nascer, cada ser humano teria que ter anexado ao registro de nascimento uma passagem para essa cidade, para que pudesse, pelo menos, uma vez na vida visitar seus encantos. A descrição do empresário não foi menos curiosa. Movido por seu neo-pragmatismo empresarial, o ascendente homem de negócios declarou que a capital das luzes é a prova de que há outra vida após a morte, pois, segundo seu argumento, quem não conhecer nesta vida Paris, precisará viver novamente para conhecê-la e quem lá já foi, precisará ir novamente. Sem a informação de que esse moço é um ateu convicto, sua declaração nem parece tão polêmica assim.




Cheguei ao aeroporto de Orly em uma quinta feira típica do verão europeu, quase noite e o sol a pino, com temperatura perto dos trinta e dois graus. As condições climáticas, no entanto, não foram meus maiores problemas. Desembarquei com seis horas de atraso, pois os controladores de vôo do aeroporto Barajas, em Madri estavam parados, o que motivou enorme transtorno aéreo na Europa, para piorar a situação a França estava em greve geral – durante a redação desta crônica, Madri prova, pelo segundo dia consecutivo, greve dos trabalhadores do metrô (são as contradições do capitalismo desenvolvido). Em Paris, nada estava funcionando, nem metrô, trem ou ônibus. E agora meu Zé, o que fazer? O jeito foi pegar um taxi. Não, nada disso. Os taxis até o centro são muito caros, além de estarem disputadíssimos em virtude da grande demanda. O que fiz então? Peguei um moto-taxi. Sim! Um moto-taxi.

Não se espantem ainda! O veículo da terra de Vitor Hugo mesmo sendo um moto-taxi, conservando a mesma função dos que se espalham em volta da feira de Quixadá, carrega inúmeras, decisivas e extravagantes diferenças dos moto-taxis da cidade de Raquel de Queiroz.

A motociclista, uma negra de origem martinicana, medindo mais de um metro e oitenta e pesando uns cem quilos; a moto, uma Honda 1200 cilindradas, cor prata, com carenagem por todos os lados. Para que possam ter uma idéia mais aproximada da capacidade desse equipamento, imaginem que seu porta-malas coube, sem dificuldades maiores, minha velha e amiga cachorra de viagem (mochila). A moto tinha, ao lado do guidom, caixas de um sofisticado aparelho de som, uma espécie de avental para cobrir as pernas que os franceses chamam de tablier, um GPS para orientar o endereço e no capacete havia um fone de ouvido articulado com um microfone, onde a moça trocava informações com uma central.


Quando me aproximei da moto ouvi alguma coisa que entendi ser um “senta aí”. Como não falo Francês, tampouco entendo o inglês, o jeito foi, portanto, sentar na garupa e me agarrar, hora nas abas de segurança do veículo e hora na cintura da negona.

A moça subiu, ligou o equipamento e saiu em alta velocidade fazendo zig-zag e cortando os carros à sua frente. Ela dirigia sempre por sobre a linha branca divisora das duas pistas, chegando a atingir, por algumas vezes, cento e vinte quilômetros por hora; com um detalhe aterrorizador para quem estava na garupa: xingava gestualmente, de forma nada elegante, usando o dedo médio da mão esquerda, os motoristas dos carros que dificultavam suas ultrapassagens. Para piorar minha situação de pavor e medo (na hora não deu para diferenciar uma coisa da outra) ela soltava a mão esquerda para operar o GPS, procurando um caminho mais fácil até a Rue de Pyrénées, onde eu ficaria.






Meus amigos, só não caguei por que não tinha bosta pronta!



Ao iniciar esse texto, prometi descrever minhas impressões sobre Paris. A sensação causada pelos cerca de vinte minutos que passei no transporte que me levou do aeroporto de Orly até o meu destino, contudo, não podem se alinhar aquelas três visões anunciadas inicialmente. Por isso, quero terminar dizendo que continuo considerando muito pouco tempo, os cinco dias que lá passei. Apenas para visitar o Louvre, creio ser preciso umas duas semanas para que o visitante possa contemplar parte da história da humanidade. A volta que fiz pelos pontos turísticos foi furtiva e frívola como a de todo e qualquer turista, portanto, sem condições de elaborar um relato sensível como o do ganhador do prêmio Nobel de literatura, finamente irônico e profundo como o da catedrática, ou teologicamente polêmico como o do empreendedor ateu.

Espero ter outra oportunidade, nessa vida é claro, de visitar Paris e assim poder escrever uma rigorosa descrição de seus muitos e lindos dotes.

Junho de 2010

Zé da Campina