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domingo, 31 de outubro de 2010
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
jardim Noia na sede dos Sindicato dos Professores, Fortaleza - Ceará
domingo, 22 de agosto de 2010
bom dia/jardins

sementes do noia
domingo, 8 de agosto de 2010
matérias na mídia
Um Jardim Chamado Noia de Deribaldo Santos
quinta-feira, 29 de julho de 2010
lançamento Sesc Iracema

quinta-feira, 22 de julho de 2010
se é jardim, onde está a rosa?

música para escutar ao ler o jardim
Taj Mahal - Jorge Ben
História de amor
Que me contaram
E agora eu vou contar
Do amor do príncipe
Shah-Jehan pela princesa
Mumtaz Mahal
Do amor do príncipe
Shah-Jehan pela princesa
Mumtaz Mahal...
Tê Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...
Uhou! Uhou!
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...(2x)
Foi a mais linda
História de amor
Que me contaram
E agora eu vou contar
Do amor do príncipe
Shah-Jehan pela princesa
Mumtaz Mahal
Do amor do príncipe
Shah-Jehan pela princesa
Mumtaz Mahal...
Tê Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...
Uhou! Uhou!
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...(2x)
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...
Uhou! Uhou!
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...(3x)
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê, Têtêretê
Tê Tê...
_________________________________
Minha primeira vez em Paris
A primeira vez que tive uma oportunidade de ir à Paris, optei por não conhecê-la. Nessa ocasião, restar-me-ia apenas um dia. Passei quase cinco anos achando que tinha feito a coisa errada, o sentimento de arrependimento era uma constante, fiquei me considerando um otário, pois como pode se perder uma chance de visitar a capital das luzas e não ir? Somente eu com minhas decisões exageradas misturadas com minhas escolhas equivocadas.
Hoje, depois de ter passado cinco dias na terra da torre de ferro mais famosa e do planeta, talvez possa avaliar se aquela decisão foi ou não acertada.
Sempre ouvi inúmeras narrativas sobre Paris, umas pitorescas, outras tediosas e extravagantes e algumas muito interessantes e intrigantes. De todas essas histórias três me chamam bastante a atenção. Primeiramente, declaro meu gozo estético pelas palavras do escritor Gabriel García Marquez sobre essa bela cidade; em seguida destaco as reflexões de uma grandiosa estudiosa do marxismo referente à capital francesa e, por fim, as palavras bastantes intrigantes de um amigo e empresário bem sucedido fortalezense quando retornou de sua primeira visita de Paris.
O velho romancista colombiano escreveu, com sua vasta e farta poesia, que não há outro lugar para se exilar. A estudiosa disse-me certa vez que se não fossem tantos os motivos para ser contra o capitalismo, bastar-lhe-ia o fato de todas as pessoas do mundo não terem o direito de conhecer Paris. Para ela, ao nascer, cada ser humano teria que ter anexado ao registro de nascimento uma passagem para essa cidade, para que pudesse, pelo menos, uma vez na vida visitar seus encantos. A descrição do empresário não foi menos curiosa. Movido por seu neo-pragmatismo empresarial, o ascendente homem de negócios declarou que a capital das luzes é a prova de que há outra vida após a morte, pois, segundo seu argumento, quem não conhecer nesta vida Paris, precisará viver novamente para conhecê-la e quem lá já foi, precisará ir novamente. Sem a informação de que esse moço é um ateu convicto, sua declaração nem parece tão polêmica assim.
Cheguei ao aeroporto de Orly em uma quinta feira típica do verão europeu, quase noite e o sol a pino, com temperatura perto dos trinta e dois graus. As condições climáticas, no entanto, não foram meus maiores problemas. Desembarquei com seis horas de atraso, pois os controladores de vôo do aeroporto Barajas, em Madri estavam parados, o que motivou enorme transtorno aéreo na Europa, para piorar a situação a França estava em greve geral – durante a redação desta crônica, Madri prova, pelo segundo dia consecutivo, greve dos trabalhadores do metrô (são as contradições do capitalismo desenvolvido). Em Paris, nada estava funcionando, nem metrô, trem ou ônibus. E agora meu Zé, o que fazer? O jeito foi pegar um taxi. Não, nada disso. Os taxis até o centro são muito caros, além de estarem disputadíssimos em virtude da grande demanda. O que fiz então? Peguei um moto-taxi. Sim! Um moto-taxi.
Não se espantem ainda! O veículo da terra de Vitor Hugo mesmo sendo um moto-taxi, conservando a mesma função dos que se espalham em volta da feira de Quixadá, carrega inúmeras, decisivas e extravagantes diferenças dos moto-taxis da cidade de Raquel de Queiroz.
A motociclista, uma negra de origem martinicana, medindo mais de um metro e oitenta e pesando uns cem quilos; a moto, uma Honda 1200 cilindradas, cor prata, com carenagem por todos os lados. Para que possam ter uma idéia mais aproximada da capacidade desse equipamento, imaginem que seu porta-malas coube, sem dificuldades maiores, minha velha e amiga cachorra de viagem (mochila). A moto tinha, ao lado do guidom, caixas de um sofisticado aparelho de som, uma espécie de avental para cobrir as pernas que os franceses chamam de tablier, um GPS para orientar o endereço e no capacete havia um fone de ouvido articulado com um microfone, onde a moça trocava informações com uma central.
Quando me aproximei da moto ouvi alguma coisa que entendi ser um “senta aí”. Como não falo Francês, tampouco entendo o inglês, o jeito foi, portanto, sentar na garupa e me agarrar, hora nas abas de segurança do veículo e hora na cintura da negona.
A moça subiu, ligou o equipamento e saiu em alta velocidade fazendo zig-zag e cortando os carros à sua frente. Ela dirigia sempre por sobre a linha branca divisora das duas pistas, chegando a atingir, por algumas vezes, cento e vinte quilômetros por hora; com um detalhe aterrorizador para quem estava na garupa: xingava gestualmente, de forma nada elegante, usando o dedo médio da mão esquerda, os motoristas dos carros que dificultavam suas ultrapassagens. Para piorar minha situação de pavor e medo (na hora não deu para diferenciar uma coisa da outra) ela soltava a mão esquerda para operar o GPS, procurando um caminho mais fácil até a Rue de Pyrénées, onde eu ficaria.
Meus amigos, só não caguei por que não tinha bosta pronta!
Ao iniciar esse texto, prometi descrever minhas impressões sobre Paris. A sensação causada pelos cerca de vinte minutos que passei no transporte que me levou do aeroporto de Orly até o meu destino, contudo, não podem se alinhar aquelas três visões anunciadas inicialmente. Por isso, quero terminar dizendo que continuo considerando muito pouco tempo, os cinco dias que lá passei. Apenas para visitar o Louvre, creio ser preciso umas duas semanas para que o visitante possa contemplar parte da história da humanidade. A volta que fiz pelos pontos turísticos foi furtiva e frívola como a de todo e qualquer turista, portanto, sem condições de elaborar um relato sensível como o do ganhador do prêmio Nobel de literatura, finamente irônico e profundo como o da catedrática, ou teologicamente polêmico como o do empreendedor ateu.
Espero ter outra oportunidade, nessa vida é claro, de visitar Paris e assim poder escrever uma rigorosa descrição de seus muitos e lindos dotes.
Junho de 2010
terça-feira, 15 de junho de 2010
segue a nau - segue o jardim

Noia & Poesia
" ... como dito, não fui um grande jogador de futebol, nunca toquei instrumento, dinheiro só tive em sonho e criminoso apenas fui em pesadelos ..." Deribaldo Santos
"
É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração
Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não"
vinicus/baden
nossos brasis, nossos jardins, nossa literatura:
é futebol, é marginália
é sgarzella, bandido
vida bandida
sonhos
é poesia, é romance,
de noia, noiado, pirado
pirante
vem pro jardim
fazer sonhos, cirandas, cair água e molhar o rosto no primeiro sonho.
m.frança
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Cartaz-Noia como janela da alma
com arrepios pelo corpo
tenho desejos de Borboleta
ou quem sabe de "Sininho"...
Se eu pudesse voar!
Regina Coele Q. Fraga
começando Noia

Logo no início desta experiência migratória – cheguei a Fortaleza em fevereiro de 2000 -, afortunadamente conheci uma conterrânea e, através dela, fui acolhido filial e fraternalmente no âmbito de sua família. Esta, de raízes paraibanas, cuja segunda geração nascera e se criara no Rio de Janeiro, experimentou o “êxodo” para a capital cearense.
O seu nome, Pilá; filha segunda dos patriarcas da família. No aconchego de sua casa, muitas vezes ao redor da mesa farta, sempre regada com a bebida que alegra o coração, sentávamos para prosear longa e alegremente. Outras vezes, as conversas se davam próximo de um coqueiro, no quintal da casa. Ali, num recinto pequeno e aconchegante, as dimensões pareciam se alongar quilometricamente quando, transpondo os limites do tempo e do espaço, viajávamos nas longas estórias vividas pelos membros da família desde os inícios telúricos na Paraíba, passando pelos anos heróicos de verdadeira gênese – com a dor e a alegria que todo parto compreende – da prole no Jardim do Noia, até o retorno benfazejo às terras nordestinas. De tanto ouvir aqueles casos, de acompanhar narrativamente a saga daquelas pessoas, aquela história foi ficando familiar, como se paulatinamente eu fosse me tornando – para além da mesma origem batismal e geográfica – um membro também de sangue daquela família.
São estas estórias, pelo menos parte essencial delas, que Deribaldo, sobrinho de Pilá, evoca e revive agora neste seu Um jardim chamado Noia. O título evoca o lugar, na Baixada Fluminense, onde a família morou por aproximadamente 22 anos. De forma direta, simples e coloquial, Deri descreve os fatos, narrando-os quase de uma vez só – como se esvazia sofregamente um copo de cerveja numa tarde ensolarada de domingo. O leitor pode, eventualmente, se atordoar com a virada do copo, mas ficará deliciado com a narrativa dos fatos, com a descrição, por vezes pitoresca, das pessoas e dos lugares, com a riqueza de pormenores e, por que não dizer, marcado também pela dureza do cenário, onde as personagens desenvolvem a trama do seu cotidiano existencial.
Mas o autor não se limita a contar a história. No interior mesmo dos fatos contados brotam desabafos, questionamentos e denúncias que vão se costurando em torno da linha mestra da narrativa: a violência urbana, o êxodo rural, a desigualdade de um sistema social injusto, os sonhos e opções abortados por falta de oportunidade, etc. Questões atualíssimas que nos desafiam a todos. Eu, que conheço uma parcela pequena da favela da Rocinha, vejo este drama social vivido em muitos dos nossos “Paraíbas” que lá vivem e continuam a chegar.
O núcleo da história, contudo, parece-me que está na vivência no interior de uma família que, apesar de todos os percalços e dificuldades, soube cultivar valores sólidos, permitindo aos membros do “clã” não só uma estrutura unida e coesa, como também atravessar com segurança um abismo que os podia levar à marginalidade criminal. Daí a saudade, confessadamente sentida pelo autor, daqueles anos vividos no meio da parentela, inserida no Jardim maior do Noia, com seus folguedos juninos, jogos de futebol e experiências várias de caráter social, religioso e familiar que configuravam uma autêntica vivência em comunidade. Surge, então, a pergunta inquietante: no falso dualismo indivíduo-comunidade, que cada vez mais se impõe nos meios urbanos e abastados, como manter uma saudável e harmoniosa articulação entre os dois pólos? Como encontrar nas famílias de hoje – é o questionamento que o autor faz de si mesmo – pessoas que promovam essa integração? Talvez não concordemos com todas as proposições do autor. Mas a sua voz é sincera, atual e pertinente. O leitor vai conferir ao longo da leitura.
No Jardim do Noia, Deri nos conta que havia uma fruteira estéril, que nunca produziu frutos. Em Fortaleza, na casa de D. Pilá, há um coqueiro sob o qual muitas vezes nos reunimos para ouvir as aventuras da família. Os frutos do coqueiro são abundantes, e a doçura de sua água surpreende a qualquer um. Quem sabe não vejamos aí – nos frutos da terra – a vida e o trabalho recompensados dos patriarcas Isidro e Cassiana?! Assim também somos convidados a vislumbrar, nesta história de Deri, uma frutífera produção de um Jardim chamado Noia. Eu, particularmente, sou grato ao autor pelo convite de prefaciar este livro. E, ao fazê-lo, sinto-me feliz por me considerar um rebento tardio deste Jardim.
Lúcio Flávio